Herdei. E agora? – Tadeu Almeida (Sócio-diretor)

A visão do outro lado do inventário: filhos, companheiros e familiares que recebem, mas não sabem o que realmente lhes cabe.

Nem toda herança vem com manual de instruções. Às vezes, a pessoa ainda está em luto quando surgem documentos, prazos e decisões que parecem mais confusos do que deveriam ser. Para muitos filhos, companheiros, netos ou irmãos, o que deveria ser um tempo de memória e recolhimento se transforma em um cenário de dúvidas e pressões silenciosas.

“O que exatamente é meu?” “Tenho que aceitar formalmente?” “Sou obrigado a pagar dívidas deixadas?” “E se eu nem sabia que tinha direito?”

Essas perguntas são comuns e são legítima pois o sistema sucessório não é simples.

O primeiro ponto a entender é que a herança só se transmite legalmente com o inventário, seja ele judicial ou extrajudicial. Até lá, os bens permanecem vinculados ao chamado espólio, que é uma figura jurídica responsável por representar o conjunto de bens do falecido, sob administração do inventariante.

Nesse cenário, o herdeiro pode aceitar ou renunciar à herança. Pode ter direito a uma parte do patrimônio, mas não à sua administração. E, se houver dívidas, só responde até o limite do valor herdado. Ninguém é chamado a pagar com o que é seu, apenas com aquilo que recebeu.

O segundo passo é informação.

É preciso ler, perguntar, buscar apoio técnico. O Direito das Sucessões tem regras, exceções e caminhos específicos, mas não precisa ser um território hostil. Com orientação adequada, tudo se resolve.

Se você herdou e não sabe por onde começar, calma. O desconhecido é comum. Com escuta, clareza e boa condução, dá para transformar essa etapa em um gesto de respeito e responsabilidade com a memória de quem partiu.